Como nasce uma nova doença? Entenda mutações, zoonoses e a origem de surtos



Quando surge uma doença “nova”, ela nunca aparece do nada. Por trás de cada surto, existe um processo biológico — às vezes lento, às vezes explosivo — que envolve microrganismos mudando, se adaptando e encontrando caminhos inesperados até nós.

Aqui está o guia simples e direto para entender como uma nova doença nasce.




Tudo começa com a evolução: mutações acontecem o tempo todo

Mutações são mudanças no material genético dos microrganismos.
Elas podem surgir por:

  • erros aleatórios na replicação
  • exposição a radiação UV
  • contato com substâncias químicas
  • pressão seletiva (como com o uso de antibióticos)

Para a maioria dos micróbios, mutações são normais, fazem parte da vida.
Mas algumas dessas mutações mudam completamente o jogo, tornando um vírus ou bactéria:

  • mais contagioso
  • mais resistente
  • capaz de infectar uma nova espécie
  • mais agressivo no organismo

É assim que nasce, por exemplo, uma variante viral e a necessidade de tomar uma nova dose de vacina para a mesma doença todos os anos.






Zoonoses: quando uma doença “pula” de animais para humanos

A maioria das doenças que surgem (emergentes) tem origem animal.
Isso é chamado de zoonose.

Como acontece?

  1. O microrganismo já vive naturalmente em um animal (seu reservatório).
  2. Uma mutação permite que ele reconheça células humanas.
  3. O contato entre humanos e animais aumenta (caça, criação, mercados, urbanização).
  4. O “salto” acontece: o patógeno passa para um humano.

Exemplos clássicos de zoonoses:

  • Influenza (aves e suínos)
  • Ebola (morcegos)
  • Raiva (mamíferos variados)
  • Coronavírus (morcegos, civetas, camelos — dependendo do tipo)

A partir do momento em que o patógeno consegue se replicar dentro do ser humano… ele entra oficialmente no “jogo”.


Da primeira infecção ao surto: o que define uma doença nova pegar força?

Depois que o micróbio entra no corpo humano, três perguntas são decisivas:

1. Ele consegue se replicar?

Se não consegue, morre ali mesmo.
Se consegue, existe potencial de transmissão.

2. Ele consegue passar de uma pessoa para outra?

Quanto mais fácil for a transmissão (ar, gotículas, contato, água ou vetores), maior o potencial de surto.

3. O sistema imune humano reconhece?

Se nunca tivemos contato, não temos anticorpos → maior chance de espalhar antes de ser contido.

Quando as respostas são todas “sim”, uma doença emergente pode se espalhar rapidamente.




Resistência, adaptação e evolução contínua

Microrganismos não ficam parados.

Depois que começam a circular entre humanos, eles continuam:

  • acumulando mutações
  • adaptando-se ao sistema imune
  • se tornando mais eficientes em infectar

É por isso que doenças podem mudar com o tempo, tornando-se mais graves.


Dá para prever a próxima doença?

Não exatamente, mas dá para identificar riscos.

Regiões com:

  • desmatamento
  • contato intenso entre humanos e animais
  • mercados de animais vivos
  • superpopulação
  • globalização acelerada

São ambientes perfeitos para o surgimento de novas doenças.

A seguir um vídeo curto sobre "O que desmatamento tem a a ver com novas doenças?" do canal Pesquisa FAPESP, no YouTube:


A ciência monitora vírus e bactérias em animais há décadas justamente para tentar detectar mudanças antes que se tornem um problema real.


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